Na próxima quinta-feira (7) acontece um café da manhã na FAMASUL, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para lançar a revista “Ciência Pantanal”, criada pela WCS Brasil. No mesmo dia, em parceria com a Federação de Agricultura e Pecuária do MS (Famasul), serão divulgados os eventos “16º Encontro do Povo Pantaneiro” e “4º Festival Pantaneiro”, promovidos pela FAMASUL e SODEPAN.
Considerando que existe uma lacuna entre a produção científica e o conhecimento popular, a WCS Brasil produziu a revista Ciência Pantanal, com variados assuntos científicos focados na biodiversidade e cultura pantaneira do estado de Mato Grosso do Sul. Alexine Keuroghlian, coordenadora do programa Pantanal da WCS Brasil e pesquisadora na região do Pantanal há 14 anos é uma das idealizadoras do projeto. Nessa primeira edição a revista traz 18 artigos, redigidos por pesquisadores e colaboradores de 17 instituições do meio científico, em uma linguagem simples e acessível ao povo pantaneiro e à sociedade em geral.
A pesquisadora afirma que existem diversas organizações, na região pantaneira, de ensino e pesquisa que possuem trabalhos e dados inovadores, e que poderiam ser aplicados no dia a dia dos pantaneiros e das comunidades locais. Ela ressalta que o objetivo da publicação é atingir os proprietários rurais, especialmente aqueles que têm pouco acesso à informação, seja por meio impresso ou digital: “Para a revista pensamos em textos em uma linguagem que o fazendeiro pudesse olhar, pensar e refletir sobre alternativas e metodologias economicamente acessíveis e que fomentassem a produção sustentável”, acrescenta Alexine.
Outro importante aspecto que a revista pretende explorar em sua linha editorial é o cultural. Em algumas propriedades ou comunidades da região pantaneira, por exemplo, ainda existem hábitos que prejudicam a vida silvestre, como por exemplo o preconceito que existe com répteis (serpentes, cobra-cega e lagartos) e anfíbios (sapos), bem como com morcegos e queixadas. Hoje existem dados capazes de desmistificar muitas crendices e provocar mudanças de comportamento nas pessoas, a fim de que tais espécies sejam preservadas. Para Alexine, os impactos ambientais provocados pela população local ocorrem na maioria das vezes, por conta do desconhecimento da importância dessas espécies para o ambiente em que vivem e pela falta de orientação e técnica adequada no uso do solo: “Atualmente inúmeras pesquisas sobre a qualidade ambiental apontam medidas que permitem aprimorar o manejo do gado nas propriedades. Isso é possível por meio de alternativas que melhorem a qualidade da pastagem, garantindo a preservação do bioma pantaneiro. A publicação é um meio de divulgar esses dados”, acrescenta a bióloga.
A revista possui o ISSN, é pode ser uma importante fonte de divulgação das pesquisas realizados por pesquisadores da região de MS. A primeira edição terá distribuição gratuita. Além de Campo Grande, a publicação será lançada nos municípios de Coxim e Miranda no mês de setembro, afim de informar o maior número de proprietários rurais possível, que são o público alvo da publicação.