No passado, a arara-azul-grande era bem mais comum no Pantanal. Capturada aos milhares e comercializada como ave de gaiola, durante a década de 1980 seu número na região caiu para cerca de 1500 aves. O Projeto Arara Azul, que teve início nos anos 1990, ajudou a triplicar o tamanho da população local, e hoje em dia existem aí mais de 5000 exemplares (a maior parte da população brasileira), numa recuperação sensacional de uma das aves mais espetaculares do mundo. No Pantanal, a arara-azul-grande come sobretudo os coquinhos das palmeiras acuri e bocaiúva. Os bandos de araras alimentam-se nos cachos que pendem das palmeiras e também descem ao chão para comer cocos caídos, inclusive aqueles que foram comidos por vacas e eliminados em suas fezes, já livres da polpa externa.
A coexistência entre araras-azuis-grandes e o gado é possível, mas este se torna um problema quando come ou pisoteia as plantas novas de palmeiras e de manduvis. Um meio eficiente de aumentar as populações dessa belíssima ave nas fazendas pantaneiras é a proteção e plantio de tais espécies vegetais em áreas cercadas onde as vacas não possam entrar.
As populações de arara-azul-grande também são limitadas pela escassez natural de locais de nidificação – 70% dos ninhos são construídos em manduvis que têm mais de 80 anos de idade e ocos amplos o suficiente para acomodar a ave e o ninho.Os manduvis velhos são frágeis e vulneráveis a ventos fortes. Assim, é importante conservar as árvores menores que crescem ao seu redor, e que formam uma barreira protetora. Já foi comprovado que a instalação de caixas de ninho aumenta a disponibilidade de locais de nidificação para essa ave.
Durante a época de cria, observadores de aves e outros ecoturistas podem juntar-se à equipe do Projeto Arara Azul para ver os filhotes da arara nos ninhos naturais ou caixas de ninho, nas bases do projeto (confirme pela internet as bases abertas ao público). Cada vez mais fazendas pantaneiras hospedam turistas em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e novas pousadas e hotéis estão surgindo em vários locais.
O aumento das populações da arara-azul-grande no Pantanal é uma caso notável de sucesso em ações ambientais, que pode repetir-se com outras espécies do Brasil Central. Projetos semelhantes estão sendo iniciados, visando a proteção da maracanã-de-colar e do papagaio-verdadeiro.