Com o feriado de Semana Santa, o consumo de peixes e quelônios aumenta no Amazonas, em substituição à carne vermelha. Especialistas da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil) alertam que os consumidores devem estar atentos ao fazer as compras, optando por opções responsáveis, como peixes de manejo sustentável e quelônios criados em cativeiro.
O aumento do consumo de pescados e quelônios está ligado às práticas religiosas católicas, que restringem o consumo de carne vermelha nos dias que antecedem a Páscoa, festividade que, segundo a religião, celebra a ressurreição de Jesus Cristo.
“Essa data é muito importante para todo o mercado de pesca, feirantes, pescadores e pescadoras e piscicultores e piscicultoras, com um importante impulsionamento nas vendas tanto no mercado local, nacional e internacional. No Amazonas, é o período de maior consumo de pescado em todo o ano. Por isso, recomendamos que as pessoas prefiram os peixes de origem legal, por exemplo, que venham de áreas com manejo sustentável, respeitem o período do defeso e os tamanhos permitidos”, explicou o especialista em recursos pesqueiros da WCS Brasil, Guillermo Estupiñán.
“Esses cuidados são essenciais para uma pesca responsável e sustentável, o que diminui as ameaças às espécies e ajuda a garantir os estoques pesqueiros para os próximos anos. Isso é bom não só para o ecossistema aquático, mas também para pescadores e consumidores que continuarão tendo seus peixes favoritos à mesa por mais tempo”, reforçou Estupiñán.
Para seguir as recomendações, o consumidor pode solicitar a apresentação dos certificados ou guias de origem do pescado ao comerciante, que garante a procedência do produto.
Espécies protegidas pelo Defeso - Dentre os peixes que já estão fora do período do defeso estão o aruanã, caparari, surubim, matrinxã, pirapitinga, mapará, sardinha e pacu, que ficaram protegidos, para garantir sua reprodução, até o último dia 15 de março. O tambaqui, pescado muito apreciado na culinária amazonense, segue no período do defeso até o dia 31 de março. Por isso, uma opção é optar pelos produzidos em cativeiro.
Já o pirarucu tem sua pesca limitada durante todo o ano, sendo permitida somente em áreas de manejo sustentável autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Consumo de quelônios - Já o consumo de carne de tartaruga e outras espécies de quelônios precisa de atenção redobrada. Isso porque o consumo desses animais é proibido por lei, exceto para os criados em cativeiro.
“No Amazonas, há uma cultura forte de consumo de quelônios, especialmente da tartaruga-da-amazônia e do tracajá, em datas comemorativas que reúnem as famílias. A Páscoa e o Natal estão entre esses períodos em que o consumo aumenta consideravelmente, e essas duas espécies são ameaçadas de extinção, então precisamos combater o consumo ilegal. Pesquisas indicam que, por ano, são consumidos 1,7 milhão de quelônios no Amazonas, sendo 900 mil animais abatidos somente em Manaus. Hoje a criação em cativeiro ainda não é suficiente para suprir essa alta demanda e grande parte do consumo é ilegal, proveniente do tráfico de animais silvestres. Precisamos da população consciente para não contribuir com esse crime. Optar pelo consumo de pescados ainda é a melhor opção para esse período”, ressaltou a especialista em quelônios da WCS Brasil, Camila Ferrara.
Como denunciar - Em caso de práticas ilegais, a população pode denunciar os estabelecimentos ao Disque Denúncia do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), por meio do telefone 2123-6729, ou para a Linha Verde do Ibama, no 0800 61 8080.