
O Abril Indígena de 2025 foi marcado por conquistas significativas e mobilizações intensas em prol dos povos originários e da proteção do meio ambiente. A WCS Brasil esteve presente ao longo de toda a programação, apoiando ativamente as ações que reforçam a demarcação de Terras Indígenas como uma estratégia urgente e essencial no enfrentamento da crise climática. A organização reforça a necessidade de que esse reconhecimento se traduza em compromissos concretos nas metas climáticas oficiais do Brasil, especialmente diante dos desafios que se impõem à Amazônia e aos seus povos.
Demarcação de Terras como Estratégia Climática
Durante a 21a edição do Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em Brasília, povos indígenas de todo país lançaram luz sobre a importância da demarcação de Terras Indígenas (TIs) como política climática. A campanha "A Resposta Somos Nós", conduzida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), deixou claro que garantir a proteção dos territórios tradicionalmente ocupados é uma das formas mais eficazes de conter o desmatamento, conservar os ecossistemas e contribuir para o equilíbrio climático do planeta.
Um dos marcos do ATL foi o lançamento da Comissão Internacional Indígena para a COP30, um passo significativo na consolidação da diplomacia indígena rumo à Conferência do Clima da ONU, que acontecerá em Belém, em 2025. A presença de lideranças de diversos países reforçou o papel dos povos indígenas nas discussões globais sobre o clima.
A WCS Brasil reconhece e apoia esse protagonismo como elemento vital para garantir que as vozes dos povos indígenas estejam nos espaços globais de decisão. Nesse contexto, é destaque o avanço no apoio ao processo de demarcação de TIs na região do Alto Rio Içá (AM), realizado por meio de um Acordo de Cooperação Técnica com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Essa parceria fortalece o reconhecimento e a proteção legal dos territórios indígenas, elemento fundamental para a resiliência climática do país.
Fortalecimento da Gestão Territorial e Ambiental nas TIs Betânia e Matintin

Outro ponto de destaque do Abril Indígena foi a valorização de experiências de gestão territorial lideradas pelas próprias comunidades. Nas Terras Indígenas Betânia e Matintin, no Amazonas, indígenas estão elaborando seus Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), com apoio técnico da WCS Brasil e do Instituto Ngutapa
Esses planos são ferramentas fundamentais para garantir a autonomia das comunidades na gestão de seus territórios, promovendo a integração entre saberes tradicionais e práticas modernas de manejo ambiental. A iniciativa reforça o papel das comunidades indígenas como guardiões da floresta e como agentes ativos na conservação da biodiversidade e no enfrentamento das mudanças climáticas.
Cooperação com a APIAM para Reconhecimento Territorial

Durante o Acampamento Terra Livre (ATL), a WCS Brasil formalizou também um Acordo de Cooperação Técnica com a Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM). A parceria prevê ações estratégicas voltadas ao reconhecimento de territórios indígenas no estado, considerando áreas reivindicadas e processos fundiários em curso.
O acordo busca fortalecer a governança indígena e ampliar a incidência política junto aos órgãos competentes, conectando a agenda de direitos territoriais com os compromissos climáticos do Brasil. A iniciativa contribui diretamente para garantir segurança jurídica aos territórios indígenas e fortalecer sua contribuição para a conservação da Amazônia.