
Parceria com Instituto Ngutapa fortalece a presença de lideranças Tikuna e Kokama na maior mobilização indígena do país
Brasília, abril de 2025 — A WCS Brasil, em parceria com o Instituto Ngutapa, apoia pelo segundo ano consecutivo a participação de uma comitiva indígena do rio Içá (AM) no Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização nacional dos povos indígenas, que acontece em Brasília, dos dias 7 a 11 de abril.
Neste ano, a comitiva é composta por nove indígenas das etnias Tikuna e Kokama, vindos de três territórios do Amazonas: Terra Indígena (TI) Betânia, TI Matintin e o Território do Alto Içá. A iniciativa busca garantir que as vozes desses povos e territórios estejam presentes nas discussões e decisões que afetam diretamente seus modos de vida, seus direitos e seus territórios.
A atuação da WCS Brasil na região do rio Içá é realizada através do Programa Povos e Territórios Indígenas, com ações voltadas para o fortalecimento de organizações e lideranças indígenas, apoio à gestão territorial e ambiental de terras indígenas, reconhecimento de territórios e promoção dos direitos indígenas.

"Para mim, o ATL representa um potente espaço de luta pela manutenção, conquista e respeito aos direitos indígenas. É onde os diferentes povos do Brasil mostram sua força, grandeza, resistência e união. E onde nós, aliados, podemos demonstrar que estamos de verdade juntos nessa luta, que a luta dos povos indígenas é nossa também. Como parceiros, estamos ali atentos, para uma escuta ativa dos pensamentos e reivindicações dos povos indígenas, apoiando o protagonismo e fortalecimento das principais pautas indígenas. É um importante espaço de aprendizagem, troca de experiências e articulação, entre povos, entre parceiros e instituições, afirmou Ana Luiza Melgaço, especialista em articulação com povos indígenas da WCS Brasil.
A demarcação de terras indígenas será a principal pauta da comitiva no ATL 2025. A WCS Brasil mantém um Acordo de Cooperação Técnica com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e, junto às comunidades indígenas, vem atuando para iniciar o processo demarcatório da TI do Alto Içá. A primeira etapa — os estudos de identificação e delimitação do território — será realizada por um Grupo Técnico multidisciplinar, já contratado pela organização, e cuja publicação no Diário Oficial está prevista ainda para esta semana, durante o ATL.

Além disso, a comitiva também reforçará a importância das iniciativas próprias de gestão territorial e ambiental nas TIs Betânia e Matintin. Com apoio da WCS Brasil e do Instituto Ngutapa, lideranças indígenas estão à frente da elaboração dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) desses territórios, reafirmando o protagonismo dos povos indígenas na conservação da biodiversidade e no enfrentamento da crise climática.
A presença no Acampamento Terra Livre 2025 reafirma o compromisso da WCS Brasil com os direitos indígenas e o reconhecimento do papel central dos povos originários na proteção dos territórios e do meio ambiente.

Acampamento Terra Livre - Na sua 21a edição, o Acampamento Terra Livre é realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e tem como tema de 2025 “APIB somos todos nós: Em defesa da Constituição e da vida”.
Em 2025, o ATL terá como pautas principais:
- A defesa dos direitos indígenas (territoriais, culturais e identidade, protegidos pela Constituição de 1988) e ameaçados pela Lei nº 14.701/2023, aprovada no Senado e que oficializa o Marco Temporal; mesa de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os direitos territoriais indígenas e a instituição do marco temporal;
- Resistência contra a mineração em áreas indígenas;
- Reconhecimento dos indígenas na proteção da biodiversidade;
- Instituição da demarcação de terras indígenas como uma política climática fundamental e inclusão nas metas climáticas do Brasil;
- Reivindicação da co-presidência da COP 30 do Clima, e campanha da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB): "A resposta somos nós"
- Amazônia Indígena, pela Amazônia e pelo Clima