posted on outubro 07, 2009 11:36
Entre os dias 21 e 29 de julho de 2009, pesquisadores da WCS–Brasil/Amazônia iniciaram as atividades de campo referente ao projeto “Efeitos da re-pavimentação da BR-319 sobre a fauna de médios e grandes mamíferos”. A equipe, formada por quatro pesquisadores, instalou um dos seis plots de amostragem previstos.
Cada plot é constituído por quatro trilhas com 4 km de extensão cada, destinadas à amostragem da mastofauna de médios e grandes mamíferos. Devido às más condições da estrada e ao tipo vegetacional local, as atividades de campo consumiram um tempo maior do que o planejado.
O foco deste projeto elaborado pela WCS–Brasil/Amazônia é compreender como as populações de mamíferos de médio e grande porte serão afetadas com a re-pavimentação da rodovia BR-319. O início das amostragens antes da reconstrução da rodovia é de suma importância para estabelecer o ponto inicial das pesquisas, um marco zero, para acompanhar o impacto sobre as populações estudadas.
A Floresta
Construída originalmente na década de 70, a rodovia percorre 877 km no sentido norte-sul, partindo de Manaus (estado do Amazonas) rumo a Porto Velho (estado de Rondônia). Hoje a estrada é praticamente intransitável, devido ao desgaste do asfalto agravado pela falta de manutenção. A reconstrução da BR-319 será feita pelo Governo Federal Brasileiro como obra prevista pelo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e novas Unidades de Conservação (com uma meta de 28 UC a serem criadas) tem sido criadas no entorno da rodovia para diminuir ou até mesmo impedir o avanço de atividade antrópicas.
Infra-Estrutura
Este cenário permite uma oportunidade ímpar para estabelecer o ponto zero para pesquisas de monitoramento da mastofauna na região e ainda auxiliará futuramente na compreensão de como as diferentes categorias de Unidades de Conservação contribuem para a preservação destes animais. É neste contexto que a equipe de pesquisadores de Manaus concentra seus esforços atualmente.
Os locais de posicionamento dos plots de amostragem foram escolhidos com auxilio de imagens de satélite atuais, Landsat5 e CBERS, disponibilizadas gratuitamente no website do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No Laboratório de Geoprocessamento da WCS-Brasil/Amazonas, mapas com as coordenadas de cada plot foram criados juntando as imagens de satélite com bases de dados de topografia e hidrografia. A expedição cuidadosamente organizada partiu de Manaus em 21 de julho, com três pesquisadores e dois auxiliares de campo, rumo a Comunidade São Sebastião do Igapó-Açu (Km 245 da BR-319) em busca de mais quatro auxiliares locais para realizar a tarefa de abertura das trilhas.
A Estrada
Com a equipe de campo devidamente formada, partiu-se rumo ao km 240 da rodovia BR-319 onde foi instalado um acampamento com o objetivo de ser utilizado também nas campanhas de amostragem. No dia seguinte à chegada, a equipe técnica juntamente com os auxiliares iniciou a abertura do primeiro plot de amostragem, finalizada após uma semana de trabalho de campo. Cada plot consiste em quatro trilhas de 4 km de extensão cada, sendo duas paralelas à estrada - à 1 km e 4 km de distância da rodovia – e outras duas que servirão de acesso até as de amostragem.
As péssimas condições da rodovia BR-319, com muitos buracos (largos e profundos), ausência de asfalto em vários trechos, atoleiros, pontes de madeira antigas e desvios passando por fora da estrada, dificultaram o deslocamento das equipes de abertura de trilhas e consequentemente o desenvolvimento das atividades. Outra dificuldade foi a obtenção de água potável nas proximidades do acampamento, sendo necessário algumas vezes recorrer ao poço artesiano da base do Exército Brasileiro que iniciou a reconstrução da rodovia. Um outro fator que também contribuiu no atraso da abertura do plot foi o tipo vegetacional encontrado naquela localidade. Além da floresta de terra-firme, as trilhas atravessam florestas de campinarana (white sands forest) com subbosque denso e capoeiras, o que dificultou a abertura e limpeza das trilhas.
Mesmo com dificuldades, a equipe retornou à Manaus já planejando a próxima expedição à rodovia BR-319.