Cientistas da WCS (Wildlife Conservation Society), The Nature Conservancy, e diversos parceiros no Brasil e Peru criaram um sistema de informações geográficas (SIG), um “marco”, para ajudar a guiar os esforços de conservação em grande escala na bacia hidrográfica do Amazonas, uma área quase do tamanho dos Estados Unidos.
Esse novo marco espacial, criado com séries de variáveis ambientais e tecnologia SIG, consiste em uma nova classificação hidrológica e de bacia, assim como diversas ferramentas de análise espacial, que podem ser usadas para entender melhor e mitigar os efeitos sinergéticos do desmatamento e da construção de novas estradas e represas ao longo da bacia do Amazonas.
O artigo, intitulado “An explicit GIS-based river basin framework for aquatic ecosystem conservation in the Amazon,” foi publicado na mais recente edição do periódico Earth System Science Data. Os autores são: Eduardo Venticinque da Universidade Federal do Rio Grande de Norte; Bruce Forsberg do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Ronaldo B. Barthem do Museu Paraense Emilio Goeldi; Paulo Petry da The Nature Conservancy; Laura Hess do Earth Research Institute; Armando Mercado, Carlos Cañas, Mariana Montoya, Carlos Durigan, and Michael Goulding da WCS.
Veja o novo marco espacial aqui, o artigo aqui, e um resumo aqui.
“O novo marco espacial possibilita um mapeamento dinâmico dos recursos naturais e os possíveis impactos do desenvolvimento de infraestrutura sobre eles na Amazônia, utilizando diferentes escalas. Um exemplo seria a pesca, a migração de peixes e as paisagens aquáticas distantes que sustentam esses recursos” diz Eduardo Venticinque da Universidade Federal do Rio Grande de Norte, autor principal do estudo.
“Essa nova ferramenta irá possibilitar que cientistas e governantes monitorem iniciativas de desenvolvimento ao longo de toda a bacia hidrográfica amazônica e ajudará a guiar as políticas para minimizar o impacto ambiental dessas atividades” diz Michael Goulding da WCS.
A Amazônia é a floresta tropical mais diversa do mundo, e também o maior sistema de água doce da terra. A região também abriga o que seria o maior conjunto de paisagens aquáticas do planeta, um mosaico que inclui desde florestas sazonalmente alagadas, que cobre a maior parte das planícies de inundação, até savanas que ficam inundadas muitos meses por ano. Para essa região existe uma série de projetos de infraestrutura já planejados, que poderiam ter um impacto significante na hidrologia da bacia amazônica, sua fauna e flora. Os esforços atuais de conservação focam principalmente na criação e fortalecimento de áreas protegidas e territórios indígenas na Amazônia, com foco menor em sistemas aquáticos. O novo marco irá ajudar a aumentar os esforços de conservação e gerenciamento de águas e paisagens aquáticas e o importante recurso que eles proveem que inclui mais de 2.400 espécies de peixes, para promover um enfoque integrado para proteção da bacia amazônica.
Com o objetivo de criar um sistema de classificação de bacias hidrográficas, que pudesse ser utilizado para ações de conservação e monitoramento, os cientistas dividiram a bacia em diversas sub-bacias definidas por 11 ordens diferentes de rios, desde córregos diminutos até o próprio rio Amazonas. Sete níveis diferentes de bacias foram definidos, sendo o nível 1 a principal bacia amazônica, e as bacias dos grandes afluentes como o Ucayalli e Madeira como nível 2, e assim em diante.
O estudo é parte da Iniciativa Águas Amazônicas da WCS, um projeto apoiado pela parceria Science for Nature and People (SNAPP) para promover uma visão da bacia amazônica sob a perspectiva de suas águas, paisagens aquáticas, e vida silvestre.
A Iniciativa Águas Amazônicas é generosamente apoiada pela Fundação Gordon e Betty Moore, Fundação Mitsubishi Corporation para as Américas, USAID, ea Fundação John D. e Catherine T. MacArthur.