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Em sua 21ª edição, o Acampamento Terra Livre (ATL) reafirmou-se como o maior ato político dos povos indígenas do Brasil. Realizado de 7 a 11 de abril, em Brasília, o evento reuniu mais de 8 mil indígenas de mais de 150 povos, fortalecendo alianças e ecoando vozes ancestrais em defesa da vida, dos territórios e dos direitos originários.

A delegação apoiada pela WCS Brasil, composta por nove lideranças indígenas do rio Içá, esteve presente em várias frentes da mobilização – desde as plenárias políticas até as atividades culturais, fortalecendo o protagonismo de seus povos e ampliando os espaços de diálogo e resistência.

“Ir até o ATL foi muito importante para reunir nós, lideranças de base. Poder ir até Brasília e levar nossas demandas, para o governo federal e também nos reunir com todos os povos através das organizações indígenas, como APIB, COIAB, APIAM, FOCCIT, nosso Instituto Ngutapa, discutindo sobre a segurança territorial, política social para nós, povos indígenas de todo Brasil, poder dialogar e mandar a mensagem ao governo federal, é muito necessário, e construir novas propostas juntos”, declarou Sinésio Trovão, do povo Tikuna, articulador político do Instituto Ngutapa.

Com o tema “Apib Somos Todos Nós - Em Defesa da Constituição e da Vida”, o ATL 2025 foi palco de momentos históricos:


- Lançamento da Comissão Internacional Indígena para a COP30, conduzido pela Apib e protagonizado por lideranças indígenas nacional e internacional. Contou com a participação de ministras, parlamentares e representantes do governo federal: presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago;  secretária-executiva da COP30, Ana Toni;  ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara;  ministra do Meio Ambiente e de Mudanças do Clima, Marina Silva;  secretário-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo;  secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial, Ronaldo dos Santos; e deputadas federais Célia Xacriabá (PSOL-MG) e Érika Hilton (PSOL-SP);
- Realização da Marcha "Apib Somos Todos Nós: Nosso Futuro Não Está à Venda", com denúncias de ataques institucionais aos direitos indígenas exigindo o fim da Câmara de Conciliação e a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 14.701/2023; dos conflitos e impactos de grandes empreendimentos aos territórios indígenas, como os projetos de energia e combustíveis fósseis que violam os territórios tradicionais e atividades de mineração;
- Realização da Marcha “A Resposta Somos Nós”, reafirmando que a demarcação de Terras Indígenas é essencial para garantir os direitos constitucionais dos povos originários e uma importante estratégia para enfrentar a crise climática;
- Manifestações culturais e atos, demonstrando a força e a organização do movimento indígena;
- Realização de diferentes plenárias temáticas sobre saúde, educação, mudanças climáticas, juventude, direitos das mulheres e fortalecimento da luta em âmbito internacional, trouxeram ricas discussões e reivindicações que foram expressas no Documento final do ATL 2025, em que os povos indígenas, em coro, afirmam: “A resposta Somos Nós!”, defendendo a Constituição, a biodiversidade e um futuro justo e sustentável para todos.

Para Rozivane Kokama, representante da juventude do alto rio Içá, “O ATL 2025 foi um marco de união e afirmação de nossas identidades. Participar desse momento foi um privilégio e também uma responsabilidade. Voltamos para os territórios mais fortes, mais conscientes e mais conectados com os parentes de todo o país”.

As lideranças indígenas do rio Içá retornam aos seus territórios marcadas não só pela força da mobilização, mas também pela indignação diante da truculência policial enfrentada na última marcha do evento, realizada na quinta-feira (11), em Brasília.

Durante o ato pacífico que encerrava uma semana de intensas atividades políticas e culturais, as lideranças indígenas foram surpreendidas com uma ação repressiva por parte da Polícia Militar, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes. “A gente veio com a palavra, com os cantos e os maracás e fomos recebidos com violência. Isso mostra como ainda somos vistos como inimigos dentro do nosso próprio país”, denunciou Silbeni Ovidio, presidente da Organização dos Professores Tikuna Bilíngues do Alto Solimões  (OGPTB).

A WCS Brasil se une à Apib e a outras organizações da sociedade civil no repúdio à violência sofrida pelos povos indígenas e pela deputada federal Célia Xakriabá, e reforça a urgência da pauta territorial. “Essa repressão revela o racismo institucional ainda presente no Estado brasileiro. Voltamos de Brasília com a responsabilidade ainda maior de ampliar o apoio às lutas dos povos originários. Estar ao lado dos povos indígenas nesse processo é um compromisso ético e político com a justiça socioambiental. O ATL 2025 entra para a história como um grito coletivo por respeito, dignidade e futuro”, afirmou Ana Luiza Melgaço, Especialista em Articulação com Povos Indígenas, da WCS Brasil.

A organização reafirma seu apoio às lutas dos povos indígenas e seguirá somando esforços para fortalecer suas vozes e seus direitos.

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