WCS-Brasil (Associação Conservação da Vida Silvestre), uma Organização Não-Governamental que atua no Pantanal e no seu planalto, tem desenvolvido ações para estimular práticas sustentáveis de pecuária para a região e prevenir o desmatamento.
A ONG é parceira da Embrapa Pantanal em pesquisas sobre pecuária sustentável e no projeto de comunicação “Construção da Imagem da Pecuária Sustentável do Pantanal”, que busca divulgar o modelo de pecuária extensiva e sustentável praticado na planície pantaneira.
O trabalho com as comunidades rurais começou em 2006, e um dos objetivos do projeto é oferecer cursos de capacitacao no local. Segundo Alexine Keuroghlian, representante da ONG em Campo Grande (MS), a equipe da WCS-Brasil no Pantanal e no entorno (planalto) tem trabalhado para promover o uso sustentável da terra e de práticas rurais rentáveis como alternativas ao desmatamento e destruição de habitat nativos. Já foram realizados dez cursos –seis no Pantanal e quatro no planalto, atingindo mais de 40 propriedades rurais.
As comunidades rurais da região têm realidades sociais e econômicas diversas, incluindo proprietários e trabalhadores de grandes propriedades de gado e/ou grandes plantações, pequenos e médios proprietários, como chacareiros, e agricultores de assentamentos de reforma agrária.
O projeto da WCS-Brasil tem a finalidade de reduzir as pressões sobre os recursos naturais, aumentando a lucratividade e a eficiência das fazendas parceiras. “Exemplos incluem a proteção e recuperação da mata ciliar e de florestas, o que garante a manutenção em longo prazo do solo, da água e qualidade da pastagem”, disse Alexine.
Além disso, a capacitação inclui o uso de sistemas de rotação de pastagens, que permite aos fazendeiros a produção de gado de boa qualidade dentro de áreas menores de pastagem. O projeto apresenta soluções para recuperar e aproveitar áreas que já estão abertas para criação de gado. Os benefícios econômicos e ambientais das práticas desestimulam o desmatamento e reduzem os impactos nas florestas e ambientes aquáticos. Como as comunidades rurais e as práticas são diversas, os objetivos e estratégias do projeto se adaptam para otimizar o uso sustentável da terra e práticas de manejo para cada situação.
INSEMINAÇÃO
Durante 2008 e 2009, em parceria com a ONG regional Instituto Quinta do Sol e o veterinário da WCS-Brasil, José Vergilio Bernades Lima, foram desenvolvidos os cursos de capacitação em fazendas parceiras de quatro regiões diferentes: seis no Pantanal e quatro na região do Alto Taboco e planalto . Em cada região, fazendeiros vizinhos e trabalhadores participaram.
Os cursos ensinaram também a prática da inseminação artificial de bovinos, uma ferramenta importante na gestão de melhoramento genético dos rebanhos, e incluíram uma introdução às boas práticas de manejo. Assim, além de fornecer aos trabalhadores habilidades técnicas, introduziram conceitos sobre várias técnicas ecologicamente corretas de manejo do gado.
Os cursos também ajudaram a elevar o nível de qualificação dos trabalhadores e, consequentemente, seu potencial de remuneração. O participante recebe uma apostila do curso e um certificado de participação.
Com a inclusão de fazendas vizinhas, a capacitação ajuda a elevar a consciência ambiental na comunidade e promover o apoio aos esforços de conservação. “Indícios claros do sucesso dos cursos têm sido o retorno positivo recebido dos participantes e o aumento no recrutamento de fazendas parceiras nas regiões onde a capacitação foi oferecida”, afirmou Alexine.
MATERNIDADE
Uma novidade é o curso Boas Práticas de Maternidade Bovina. De acordo com Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em fazendas pantaneiras há uma taxa de mortalidade de bezerros entre 10% e 20% devido a manejos inadequados de bezerros recém-nascidos. A mortalidade é frequentemente relacionada à infecção umbilical, acidentes, doenças do aparelho digestivo, e outras infecções.
“O curso enfatiza que os cuidados com os bezerros começam antes do nascimento, com um bom manejo do gado, e continuam após o nascimento, com uma série de técnicas de manejo e tratamentos que impedem as causas comuns de mortalidade de bezerros”, afirmou o veterinário Jose Vergílio. O curso também apresenta conceitos de comportamento do bezerro e da mãe e técnicas de manuseio seguro para o trabalhador da fazenda e para o bezerro. A ideia é que com estas práticas de manejo sugeridas, o fazendeiro aumente a produção e continue preservando o meio ambiente.
Durante o último semestre de 2009 e início de 2010, a ONG continuou a oferecer os cursos de inseminação e de boas práticas, mas o público foi ampliado: foram incluídos estudantes do ensino fundamental e médio. “A ideia de trabalhar com o público jovem foi apresentar conceitos de uma pecuária sustentável numa fase precoce e fornecer qualificações importantes, relacionadas à manutenção de uma fazenda rentável e ambientalmente sustentável”, explicou Alexine. Parte desses estudantes de pequenas comunidades rurais que foram capacitados poderá trabalhar em uma propriedade ou ser proprietário de fazendas no futuro.
A pesquisadora Sandra Aparecida Santos, da Embrapa Pantanal, disse que a parceria com a ONG é muito importante. “A WCS-Brasil divulga as boas práticas de manejo sustentável para a pecuária. Muitas dessas tecnologias são da Embrapa Pantanal”, afirmou. Segundo Sandra, além de difundir as técnicas preconizadas pela Embrapa, a WCS-Brasil realiza estudos que complementam essas tecnologias.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento