O Programa Pantanal no âmbito do Projeto Queixada publicou no ano passado na Mammalia um estudo sobre o impacto do desmatamento em populações de queixadas, comparando ambientes prístinos e ambientes desmatados em duas regiões distintas do Pantanal (segue artigo em anexo).
Os resultados mostraram que em ambientes muito alterados, a área de vida desses animais foi 51% maior quando comparada com a área de vida nas regiões mais bem preservadas. Nas regiões desmatadas foram identificados dois centros de atividade separados por um longo trecho sem floresta que não foi utilizado. Nas regiões pristinas, foi identificado somente um centro de atividade sem grandes trechos inutilizados. Esses resultados sugerem que em áreas desmatadas o custo energético, da busca por recursos necessários a sobrevivência dos animais, é mais alto e que o fluxo gênico entre os diferentes grupos é maior em regiões mais bem preservadas.
Entre os dias 09 e 14 de agosto, em Baltimore aconteceu a conferência anual da prestigiada Sociedade Americana de Ecologia (The Ecological Society of America).
Nossa parceira Malu Jorge, da Vanderbilt University, participou da Conferência e apresentou os dados preliminares de um estudo semelhante da WCS com Queixadas, mas dessa vez na região do Planalto entorno do Pantanal,
Queixadas (nome científico: Tayassu pecari) é uma das espécies que será utilizada para definir a localização de áreas para criação de corredores ecológicos no Município de Corguinho.
Os resultados apresentados mostraram que apesar de 50% da área estudada ser considerada habitat para os queixadas, os animais utilizaram somente 16% dessa área. Provavelmente devido a alta fragmentação de habitats, o tamanho dos fragmentos, e a falta de conexão entre fragmentos.
Um dos objetivos do Projeto Águas de Corguinho, é aumentar a percentagem de habitats utilizado por esses animais, recuperando a conexão entre fragmentos através da restauração de habitat e criação de corredores ecológicos.
Os resultados reforçam a importância dos queixadas para a preservação da fauna da região, pois estudando a área de vida desses bichos é possível definir o tamanho mínimo e a localização de áreas a serem preservadas para garantir o fluxo genético entre populações de mamíferos e a manutenção da biodiversidade local.
Referência para a apresentação feita pela Malu:
Movement and habitat use of a vulnerable Neotropical ungulate in agricultural landscapes
Friday, August 14, 2015: 10:30 AM
324, Baltimore Convention Center
Maria Luisa Jorge, Earth & Environmental Sciences, Vanderbilt University, Nashville, TN, USA
Julia Oshima, Ecologia, UNESP, Rio Claro, Brazil
Alexine Keuroghlian, , WCS-Brazil, Campo Grande, Brazil
Maria do Carmo Andrade-Santos, , WCS-Brazil, Campo Grande, Brazil