
Márcia Lederman durante apresentação no Congresso da UICN, em Abu Dhabi. Foto: Divulgação.
Entre os dias 9 e 15 de outubro, a WCS Brasil participou do Congresso Mundial da Conservação da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O evento reuniu governos, sociedade civil e organizações de conservação de todo o mundo para discutir estratégias que contribuam com a meta global de proteger 30% do planeta até 2030 — conhecida como Meta 30x30.
A WCS Brasil foi representada por Márcia Lederman, gerente de Conservação, que participou de uma série de painéis e diálogos sobre a importância de uma conservação inclusiva e baseada em evidências científicas.
Além dela, a WCS global também estava representada por nomes como Sue Lieberman, vice-presidente global de Política Internacional, e Michel Masozera, diretor de políticas e parcerias para a África.
A sessão An Ecosystemic Approach to Protected Areas and OECMs: Insights from the Amazon and Congo Basin – moderada por Masozera – reuniu especialistas das bacias Amazônica e do Congo para compartilhar experiências sobre como as Outras Medidas Efetivas de Conservação Baseadas em Área (OMECs) estão contribuindo para os objetivos globais de biodiversidade ao reconhecer e apoiar o protagonismo de povos indígenas e comunidades locais na conservação.

Da esquerda para a direita: Clara L. Matallana Tobón (UICN WCPA), Sandra Galán (Fundación Natura), Florence Palla (UICN WCPA), Juliana Cortes Rincón (Instituto Humboldt) e Márcia Lederman (Wildlife Conservation Society – WCS) durante a sessão “An Ecosystemic Approach to Protected Areas and OECMs: Insights from the Amazon and Congo Basin” no Congresso Mundial de Conservação da UICN 2025, moderada por Michel Masozera (WCS África). Foto: Divulgação.
“Na Amazônia, até 80% do território deve ser protegido para garantir os serviços ecossistêmicos, a conservação da biodiversidade e as condições de sustento das populações”, destacou Lederman. A sessão também apresentou as experiências bem-sucedidas de implementação de OMECs na República do Congo, desenvolvidas com apoio técnico da WCS e financiamento do Bezos Earth Fund, recentemente adotadas pelo Ministério do Meio Ambiente daquele país.
No painel OMEC en Latinoamérica y el Caribe: desafíos y experiencias en el marco del cumplimiento de la meta 30x30, Márcia se juntou a representantes do Equador, Colômbia e outros países da região para discutir avanços e desafios na implementação das OMECs na América Latina e Caribe. Ela apresentou a experiência brasileira na construção de um processo participativo e inclusivo antes da regulamentação, destacando a cooperação com a Colômbia — país referência nesse tema.
“Trata-se de preparar a sociedade antes da regulamentação e garantir a colaboração desde o início”, afirmou, reforçando o compromisso da WCS com a cocriação e o intercâmbio de conhecimento em políticas de conservação.
Iniciativas nacionais em destaque
No Pavilhão Brasil – iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e ICMBio – Lederman participou de dois painéis:
Em colaboração com Felipe Rezende, analista ambiental do ICMBio, ela foi moderadora na sessão SAMGe – Protected Areas Management Analysis and Monitoring System: from Assessment to Planning, que promoveu um diálogo prático sobre o sistema desenvolvido pela autarquia para avaliar a efetividade da gestão das unidades de conservação federais e integrar processos de planejamento.
Na sessão Towards Comprehensive National Systems of Protected and Conserved Areas, o foco foi a criação de sistemas nacionais amplos e inclusivos capazes de articular diferentes categorias de áreas protegidas e outras medidas de conservação (OMECs). A proposta reforça a importância de reunir sob uma mesma perspectiva os diversos territórios que contribuem para a conservação da biodiversidade e para o alcance da Meta 30x30.
O Pavilhão Brasil marcou a primeira vez que o país contou com um espaço próprio em um Congresso da UICN, com o intuito reafirmar o protagonismo brasileiro na agenda ambiental global e o papel do país enquanto anfitrião da COP-30.
Lista Verde da UICN
A agenda incluiu ainda mais dois debates no espaço 'IUCN Green List'. Ambos engajaram lideranças jovens e demais membros da UICN em temas como transparência, legitimidade e melhorias contínuas no processo da Lista Verde (Green List).
Em IUCN Green List Standard: Experiences from the EAGLs and Opportunities for the Youth, Márcia representou a WCS Brasil ao lado de Luciano Regis Cardoso; ambos são integrantes do Expert Assessment Group for the Green List (EAGL) no Brasil, grupo responsável por avaliar as áreas protegidas e conservadas que se candidatam à Green List, com base nos padrões e critérios estabelecidos pela UICN.
Encerrando a programação, dia 12, no painel From Claims to Credibility: Assurance in the IUCN Green List, Lederman e Lina Sarkis destacaram como o sistema de verificação independente da Lista Verde transforma “declarações” de conservação em resultados reais e verificáveis.
“A validação independente fortalece a confiança entre governos, comunidades e financiadores”, ressaltou a gerente de conservação.

Participantes e integrantes do Pavilhão Lista Verde, da UICN. Foto: Divulgação.
Espaço de reconhecimento e colaboração
Ao refletir sobre a experiência, Lederman destacou que o congresso foi “um espaço para compartilhar os avanços do Brasil e da WCS como organização — um lugar de reconhecimento e colaboração com nossa equipe global”.
Ela acrescentou que o evento também representou um momento de aprendizado e conexão. “Foi interessante para entendermos como estamos posicionados como país e como organização, e para abraçar a inovação, a ousadia e a esperança”, disse.
Ao integrar debates globais e trocar experiências com parceiros de diferentes regiões, a WCS Brasil reafirma seu compromisso com uma conservação inclusiva, com o fortalecimento da governança local e com a construção de sistemas resilientes que sustentem a biodiversidade amazônica e contribuam para o alcance da Meta 30x30.