Participaram representantes dos três países com o objetivo de fortalecer a cooperação transfronteiriça para prevenir e enfrentar essa importante problemática, com foco especial na Tríplice Fronteira.

Ciudad del Este, Paraguai – 13/11/2025
Nos dias 12 e 13 de novembro foi realizada, em Ciudad del Este, a terceira edição da Jornada Internacional sobre o Tráfico Ilegal de Vida Silvestre em Zonas de Fronteira entre Paraguai, Argentina e Brasil, organizada pela Wildlife Conservation Society (WCS).
Construída a partir da base estabelecida nas duas primeiras jornadas internacionais, realizadas em 2023 e 2024, a Terceira Jornada Internacional teve como propósito fomentar a colaboração transnacional para prevenir o tráfico ilegal de vida silvestre e delitos conexos entre Paraguai, Argentina e Brasil, com foco especial na Tríplice Fronteira. Além disso, promoveu o intercâmbio de informações e experiências relevantes sobre o combate ao tráfico de vida silvestre e facilitou momentos de capacitação técnica e operacional para fortalecer as capacidades institucionais sobre o tema.
O evento foi realizado no âmbito do projeto “Combater o tráfico de vida silvestre na América Latina”, que conta com apoio financeiro do Escritório de Assuntos Internacionais de Narcóticos e Aplicação da Lei do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Também contou com a presença e colaboração do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Paraguai, do Ministério da Segurança da Argentina e da Administração de Parques Nacionais da Argentina.
Com o objetivo de promover ações e estratégias conjuntas na região, o evento reuniu 39 participantes que atuam em instituições dos três países, incluindo forças de segurança, autoridades ambientais, aduanas, guardaparques e centros de resgate. A programação incluiu debates e mesas de trabalho participativas, onde os participantes puderam trocar experiências, boas práticas e informações sobre pontos críticos, tendências, rotas e modus operandi. Como parte do workshop, foram elaborados diversos materiais orientados ao fortalecimento dos mecanismos de cooperação transfronteiriça e à promoção de uma perspectiva regional e colaborativa na prevenção do tráfico de vida silvestre.
A Jornada Internacional também incluiu uma visita ao Centro Ambiental Tekotopa, da ITAIPU Binacional, que permitiu conhecer o papel estratégico desempenhado pelos centros de resgate no manejo, reabilitação e destinação final de animais apreendidos — um elo crítico da resposta ao tráfico ilegal de fauna silvestre.
Como resultado do encontro, novos representantes passaram a integrar a "Rede Iguazú", uma plataforma informal criada pela WCS durante a Segunda Jornada Internacional para facilitar a troca de informações e a conexão entre instituições dos países envolvidos nessa problemática. Para o futuro, a WCS e as instituições participantes continuarão avançando na consolidação de mecanismos de coordenação e cooperação transnacional, com o objetivo de fortalecer investigações, aprimorar a resposta operacional e aprofundar a articulação interinstitucional no enfrentamento ao tráfico de vida silvestre em áreas de fronteira. Tudo isso sob o entendimento de que esse delito não reconhece fronteiras e que a cooperação transfronteiriça é indispensável para um enfrentamento efetivo.

Tráfico ilegal de vida silvestre: uma ameaça regional
O tráfico ilegal de vida silvestre tornou-se uma das principais ameaças à conservação da biodiversidade em escala global, colocando em risco a sobrevivência de inúmeras espécies, o equilíbrio dos ecossistemas e as fontes de sustento de comunidades locais. Na América do Sul, esse delito frequentemente assume a magnitude e a dinâmica do crime organizado, afetando também a economia, a segurança e a saúde pública. Enfrentar de maneira efetiva esse desafio complexo exige uma abordagem regional baseada na cooperação entre órgãos governamentais e sociedade civil.
Nas extensas áreas de fronteira entre Paraguai, Argentina e Brasil, a caça ilegal e o tráfico de fauna silvestre representam sérias ameaças para diversas espécies em risco, como o onça-pintada (yaguareté), psitacídeos, diferentes espécies de macacos e tartarugas-terrestres chaqueñas. Em particular, a região da Tríplice Fronteira — compartilhada entre Paraguai, Argentina e Brasil — é reconhecida como uma das áreas mais críticas para o comércio ilegal de vida silvestre na América do Sul, devido à sua alta biodiversidade, à convergência de importantes corredores biológicos, à intensa atividade comercial e à complexa dinâmica do trânsito transfronteiriço. Essa combinação de fatores facilita a atuação de grupos criminosos organizados e exige respostas coordenadas e sustentadas entre os países envolvidos.
O crescente comércio ilegal de vida silvestre impacta a sobrevivência de espécies, a integridade dos ecossistemas, a saúde e a segurança humanas e os meios de subsistência das comunidades. Para mitigar essa ameaça complexa, a WCS apoia o desenvolvimento de estratégias e ações coordenadas em escala local, nacional e regional, com uma abordagem multinível, atualizada e colaborativa entre instituições governamentais, setor privado e sociedade civil.