
Evento reuniu autoridades, pesquisadores, representantes da sociedade civil e movimento indígena para discutir soluções integradas para um dos crimes ambientais mais lucrativos e pouco punido do mundo.
A WCS Brasil marcou presença no Fórum de Combate ao Tráfico de Vida Silvestre, realizado nos dias 5 e 6 de maio, em Campinas (SP). O evento, promovido pela empresa de consultoria Conservare, por meio da iniciativa Vozes pela Fauna, reuniu autoridades públicas, pesquisadores, organizações da sociedade civil e jornalistas especializados para debater os desafios e caminhos para frear esse mercado ilegal que movimenta bilhões por ano e ameaça diretamente a biodiversidade brasileira.
Representando a WCS Brasil, estiveram presentes o especialista em Combate ao Tráfico da Vida Silvestre, Antônio de Carvalho, e o analista de GIS, Daniel Soares, que é especialista em inteligência artificial, ciência de dados e geoprocessamento aplicados à conservação ambiental.

Para Antônio Carvalho, que falou sobre desafios, lacunas e apresentou casos de sucesso e boas práticas no combate a esse tipo de tráfico, a falta de integração das bases de dados das instituições brasileiras limita a ação e a resposta orientada por dados de inteligência. Ele ressaltou ainda que articulações entre os órgãos ambientais e de segurança, nacionais e internacionais, são de vital importância. “O tráfico de fauna opera em redes e para desmontar redes criminosas, a resposta também precisa ser em rede. Isso exige que IBAMA, ICMBio, Polícia Federal, Receita e as forças estaduais atuem não de forma isolada, mas com inteligência compartilhada, com protocolos integrados e com confiança mútua. Essa coordenação é o que permite ir além da apreensão pontual: ela possibilita identificar rotas, atores-chave e até estruturas de lavagem de dinheiro associadas ao tráfico”, disse o especialista.
O fórum também discutiu o papel da tecnologia na detecção de redes ilegais de comércio em plataformas digitais, os gargalos na legislação ambiental e as rotas nacionais de tráfico – que têm origem sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e destino final nos grandes centros urbanos do Sudeste.

Em sua fala, Daniel Soares destacou como a inteligência artificial e o geoprocessamento podem fortalecer a luta contra crimes ambientais, especialmente na Amazônia: “Proteger a biodiversidade não é só uma questão ecológica, é uma questão de soberania e de futuro. A tecnologia pode ser uma aliada poderosa nessa missão, mas precisa estar conectada ao território, aos saberes tradicionais e ao compromisso coletivo de proteger o que ainda temos”.

A participação da WCS Brasil no evento reforça o compromisso institucional com a defesa da sociobiodiversidade e com o enfrentamento das múltiplas formas de violência ambiental. Para Antônio Carvalho, a troca de experiências em fóruns como este fortalece alianças e impulsiona soluções sustentáveis de longo prazo. “O tráfico de fauna silvestre representa um crime contra os animais e uma agressão direta ao equilíbrio ecológico e às comunidades que dependem da floresta viva para existir. Não se trata apenas de punir. Trata-se de proteger o que ainda existe, de impedir que mais espécies desapareçam, e de informar que crime ambiental também é crime organizado e deve ser enfrentado com seriedade e prioridade”, concluiu.